As informações aqui expostas foram obtidas com nossa participação no
4º Encontro de Editores Científicos da UFG, ocorrido em novembro de 2018. Na ocasião tivemos uma palestra com o Prof. Abel L. Packer, Diretor do Programa SciELO / FAPESP sobre o "Cenário da Comunicação Científica no Brasil e no mundo". O professor explicou os novos rumos que o Scielo tem tomado para melhorar e agilizar a publicação de periódicos no país a partir dos novos modelos de publicação que os periódicos estão adotando. Desde o ano passado o Scielo tem implementado um novo modelo de publicação chamado "Ahead of Print", ou "Publicação em Fluxo Contínuo". Este sistema consiste na publicação de artigos tão logo eles tenham sido avaliados e aprovados pelos pareceristas, não sendo necessário esperar que o periódico lance uma edição para só então ter o artigo publicado. Gostaria de apresentar este novo modelo para vocês, que visa agilizar não só para os autores, que terão seus artigos disponibilizados de forma mais rápida, como também para os editores, que não terão o acúmulo de trabalho em apenas alguns períodos do ano para lançar suas edições.
O modelo de publicação em Fluxo Contínuo tem como característica principal a agilidade na publicação de artigos. O sistema de submissão e avaliação dos artigos permanece o mesmo. A diferença está na forma com que os artigos são disponibilizados para os leitores. No modelo atual, em uma revista com periodicidade semestral por exemplo, os artigos são disponibilizados apenas quando a revista fecha uma edição, ou seja, duas vezes ao ano, normalmente em julho e em dezembro. Se um artigo for aprovado para publicação em fevereiro, ele terá que aguardar até o fechamento da próxima edição, ou seja, em julho, para que o autor tenha seu artigo publicado. No modelo de fluxo contínuo não há esta necessidade. Uma vez que o artigo tenha sido aprovado para publicação, ele pode ser imediatamente disponibilizado no site da revista, não sendo necessário esperar o fechamento da edição no meio do ano. Como dito anteriormente, isto traz agilidade para as publicações, além de diluir o trabalho do editor ao longo do ano, não sendo necessário que ele tenha o trabalho todo concentrado no meio e final do ano para fechar e lançar uma edição.
Na parte técnica, algumas adequações devem ser feitas para adotar este sistema. O primeiro deles é deixar de usar a paginação sequencial para uma mesma edição. No modelo atual, os artigos são paginados como se fizessem parte de uma mesma edição impressa, ou seja, o primeiro artigo vai da página 01 a 20, o segundo artigo continua da página 21 a 40, e assim por diante. No modelo de fluxo contínuo isso deixa de existir, pois como os artigos, notas, entrevistas, dossiês e outros modelos de texto serão disponibilizados à medida que são aprovados, não é possível mais garantir esta sequência. Cada artigo poderá ser paginado a partir da página 01, ou seja, terá uma paginação apenas interna. Como então diferenciar os artigos se eles serão paginados da mesma forma? Para isso será necessário adotar um número de identificação para cada artigo: o eLocation-id. Este elocation-id é um código de números, precedido pela letra "e", que identifica aquele artigo. Ele pode ser criado pelo editor e atribuído a cada artigo da revista. Sua criação pode obedecer critérios pré-estabelecidos pelo editor da revista, por exemplo, ele pode ser um número simples: e001, e002, e003, etc. Ou pode conter algumas informações sobre o ano de publicação, o número da edição, etc. Um exemplo: você pode usar o ano corrente para criar o seu elocation-id: e201901, e201902, e201903, e assim por diante; ou pode usar o número do volume que está lançando, vamos supor que seja o volume 08: e0801, e0802, e0803, etc. O importante é que seja um número único dentro daquela edição para identificar cada um dos artigos. Na hora de citar, a pessoa irá citar o nome do autor, título do artigo, nome da revista, volume, número da edição (se houver), elocation-id e ano. Por exemplo: NOGUEIRA, Léo C. História das Religiões Afro-Brasileiras. Revista de História da UEG, v. 08, n. 01, e201901, 2019.
O regime de publicação de edições pode continuar o mesmo, por exemplo, semestral, quadrimestral ou trimestral, ou pode-se também abandonar este regime e adotar a publicação de um único volume anual. Isto não fará mais tanta diferença pois os artigos serão disponibilizados em fluxo contínuo, então o número de edições que se lança por ano passa a ser apenas uma questão burocrática para organização dos artigos. Por exemplo, se você adotar a publicação anual, você abre uma nova edição no início do ano, publica os artigos que forem sendo aprovados ao longo daquele ano, e no final do ano você fecha a edição, vamos supor, volume 8. No ano seguinte você abre outra edição (volume 9) e começa a lançar os artigos novamente, e assim sucessivamente. Caso você queira manter a publicação semestral, você abre uma edição no sistema no início do ano (volume 8, número 1), lança os artigos que forem sendo aprovados naquele semestre, e no final do semestre você fecha a edição, abrindo uma nova edição em seguida (volume 8, número 2), que será fechada no final do ano.Para as publicações quadrimestral ou trimestral a mesma coisa. A única diferença é que, ao invés de receber os artigos primeiro, avaliá-los, ir juntando para só no final do semestre você lançar todos juntos em uma única edição (prática que ainda obedece a lógica de publicação impressa), neste sistema você abre a edição primeiro e já publica ela, sem nenhum artigo. Depois à medida que você vai aprovando os artigos você vai inserindo eles na edição que está aberta, e eles já ficam disponíveis para os leitores. No final do semestre sua edição já estará toda publicada, bastando então você criar outra edição pro semestre seguinte e começar tudo de novo. Mesmo no caso dos dossiês pode-se ir lançando os artigos aos poucos também. Ou, como os dossiês normalmente são organizados por professores externos, que levam um tempo para organizar a ordem dos artigos, escrever uma apresentação e lançá-los todos juntos, você pode ir lançando apenas os artigos de tema livre em fluxo contínuo, e no final do semestre quando o organizador do dossiê te mandar todos os artigos do dossiê para publicação aí sim você insere o dossiê na edição da revista. Particularmente este é o modelo que eu adotei na Revista de História da UEG e tem funcionado bem.
De minha parte eu gostei bastante deste novo modelo. Primeiro porque não preciso ficar mais me preocupando em diagramar, organizar e lançar a edição no meio ou final do ano, naquela correria de sempre. Quando eu tenho um tempo, já organizo os artigos que estão aprovados e já lanço eles na revista. Ou seja, meu trabalho fica diluído ao longo do ano, e não concentrado em um único mês (normalmente sacrificando nossas férias para lançar edição de revista). Fica como opção para vocês editores pensarem em adotar este modelo. Quem quiser maiores orientações, estou à disposição para ajudá-los e tirar dúvidas sobre este novo sistema de publicação. Seguem alguns links de como as revistas estão utilizando este novo sistema: